Sobre

“De Esperança, suor e farinha”, de Paula Giannini, premiado pelo Prêmio do CCSP – Dramaturgia de Pequenos Formatos 2018.

Release

Um país tão rico em cultura e saberes populares, rico igualmente em desigualdade, miséria e fome, mas com um povo cheio de esperança – nossa viagem é pelo mundo dos invisíveis: Nona, parteira e benzedeira, lutou sempre pela vida dos mais fracos – inclusive a sua, pois nasceu não-binária dentro de uma comunidade cheia de contradições e preconceitos, Thayanara, garimpeira, mãe de gêmeas, vive em um buraco, arrancando com suas próprias mãos  e suor aquilo que é negado ás mulheres – seu lugar no mundo –, Jesus é um dos milhões de brasileiros desalentados, prestes a perder a guarda dos filhos, Menina é uma criança solitária, estigmatizada pela “maldição” recebida – é a sétima filha de uma prostituta- , que se agarra à fantasia a fim de sobreviver, e, finalmente, Tauan, professor e morador de rua, que, na sua loucura, viaja entre delírios heroicos e a perda de referência familiar e humana. O que os une? A farinha, ingrediente dos pratos da fome e da fartura.

Sinopse

Cinco monólogos se desenvolvem em cenas curtas, um em cada uma das cinco regiões brasileiras, Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Nelas, os personagens têm suas vidas interligadas por algum laço afetivo, peculiaridades nos modos de falar, de ser, de pensar. Em comum, todas as cenas têm, como símbolo que ata cada uma das vidas aqui retratadas, a farinha. Ingrediente presente no prato do brasileiro do Oiapoque ao Chuí. Ingrediente capaz de unir todo um povo em um laço tecido em cultura, esperança e memórias.

A narrativa se constrói em uma estrutura que tem no conto o seu ponto de partida, é em uma fala repleta da coloquialidade do maneirismo de cada uma das regiões brasileiras, modos que se diferem em um país de dimensões e modos de pensar continentais.

As tramas, recortes simples do cotidiano de cada um dos protagonistas, trazem histórias de vida que mesclam o estranhamento de um país cheio de interiores e inacreditáveis situações de privação à contemporaneidade do século XXI, fazendo-se presente mesmo nos lugares mais longínquos e mesmo ermos.

O espetáculo ou sequência de apresentações tem início em um nascimento e fecha o ciclo em uma morte, símbolo que permeia todas as cenas, na fala na boca e na ação de cada um dos personagens, jargão presente na vida de todos nós, brasileiros. “Para tudo nessa vida há um jeito. Exceto para a morte”.

Serviço

Gênero: Drama – Prosa-dramatúrgica

Público alvo: Adultos – estudantes – educadores

Duração: 80 minutos

Classificação – 12 anos

Ficha técnica

Texto – Paula Giannini

Direção – Amauri Ernani

Elenco – Paula Giannini e Amauri Ernani

Iluminaão – Beto Bruel

Cenário – Francisco Kokotch

Trilha sonora – Sérvulo Augusto

Fotos – Arô Ribeiro – Raquel Pinheiro – Lucas Braga

JUSTIFICATIVA

O ponto de partida deste trabalho premiado já em seu surgimento, é a palavra. Aqui, a dramaturgia parte da prosa, do conto narrado em primeira pessoa, no ponto de vista do protagonista de cada uma das cenas, tendo como tema central a vida do brasileiro em sua urbanidade contemporânea, ainda que inserido em locais tão distantes geográfica  e culturalmente, tão similares em alguns aspectos.

Assim, durante os 80 minutos de espetáculo, encontramos os personagens em seus locais de fala, regiões diversas de nosso país, cada uma em uma das 5 regiões em que este se divide:

Nona – A parteira – Sul do país, aqui representado por Santa Catarina. – Nona é uma transexual e exerce o ofício tradicionalmente conhecido como feminino desde muito cedo. Em seus braços nasce Jesus da Silva.

Thayanara – A garimpeira – Norte do país, aqui representado por Roraima. – Thayanara é esteio de família e abriu mão do convívio com filhos e marido em busca do sonho do diamante. Mais que isso, em busca do sonho de sustentá-los com dignidade. É casada com Jesus da Silva.

Jesus da Silva – O pai – Desempregado – Nascido no Sul, vive no Sudeste e luta para equilibrar a necessidade de sustentar e de proteger as filhas que cria sozinho em uma favela da Maré, no Rio de Janeiro. Suas filhas estudam no colégio onde leciona Tauan, o professor.   

Menina – Filha de Maria Piçarra – amiga de Thayanara -, mora com a madrinha no Mato Grosso do Sul. Sétima filha, única sobrevivente de uma família só de meninas, carrega consigo a marca do preconceito das crendices da população local.

Tauan – O professor. Exonerado por romper as regras ao querer ajudar a comunidade onde leciona, na Favela da Maré, Tauan volta para sua cidade, no sertão da Bahia, levando consigo a sementes do sonho de uma vida melhor. Um caminhão repleto de livros. É professor das filhas de Jesus da Silva.

Do Texto

O Texto de Paula Giannini constrói a história de forma delicada, envolvendo o espectador na peça através do sentido de empatia. Quem de nós, nunca provou um prato com farinha, quem nunca passou por dificuldades, por saudades, alguma forma de discriminação, uma perda, uma dor que só não é irreparável, pois nos mantemos em pé, em frente,

O texto é merecedor do prêmio Dramaturgias de pequenos formatos do CCSP – 2018 e entrará em cartaz na Sala Jardel Filho, no dia 12 de julho de 2019. O conto “Nona”, que deu origem ao espetáculo, foi finalista ao premiado Paulo Leminski de Contos.

O trabalho costura o caminho dos personagens através de monólogos que se tocam em alguns momentos, construindo assim, a história como um todo.

Da Direção

A direção, de Amauri Ernani, trabalha dando protagonismo à palavra, buscando a universalidade de suas falas, independente do local onde cada um dos personagens se encontra inserido. A essência do ser humano é única, fato alheio a sua condição cultural, social, étnica ou de gênero.

Somos todos brasileiros, em busca da sobrevivência e do reconhecimento de nosso direito a sermos quem somos e como somos, onde quer que estejamos.

Da Iluminação   

Assinada pelo premiadíssimo Beto Bruel, a iluminação lança mão da cor de fundo imprimindo um tom cinematográfico à cena, em uma belíssima criação, com momentos surpreendentes.

A luz recria o ambiente de ação de cada uma das cenas (interiores de casas), assim como dá sentido ao conflito a que se lança cada um dos personagens aqui abordados.

Da Música

O espetáculo é todo permeado por trilha sonora original, criada por Sérvulo Augusto, conduzindo a cena através de música autoral criada especialmente para o espetáculo, além de ruídos e sons ali expostos para criar na cena o desconforto, o lirismo, e o sonho, que invade a vida de cada um dos personagens, através de suas janelas, bem como dentro de suas memórias afetivas.

Histórico do Espetáculo

2018 – Conto Nona foi semifinalista ao prêmio Paulo Leminski de Contos

2018 – Conto Nona foi selecionado para a antologia Resistências da AR Publisher

2018 – O espetáculo foi merecedor do Prêmio V Mostra de Dramaturgia em pequenos formatos cênicos do Centro Cultural São Paulo

2019 – Estreia no Centro Cultural São Paulo – 12 de julho – Sala Jardel Filho.

  • Produção – Palco Cia de Teatro

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